segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O Navio e a Gestão Orçamentária

Converso com muitos empresários e executivos. Volta e meia pergunto se eles fazem gestão orçamentária. A maioria responde que sim, que possuem orçamento. Reitero a pergunta esclarecendo que a questão é sobre gestão e não sobre peça orçamentária. A maioria não tem.

Fazer gestão orçamentária é, de forma sintética, a disciplina de agir e interagir, de forma sistêmica e periódica, com todos os gestores responsáveis por centros de custos da Companhia, de tal sorte que planos de ação sejam iniciados e efetivamente implementados, toda vez que a realidade de resultados estiver fugindo das expectativas expressas na peça orçamentária.
Vamos à lógica:
“Onde havia céu azul e brisa, há ventos fortes, correntezas, raios e trovoadas. Reduzam a velocidade, troquem as velas, diminuam o peso, revisem a rota e talvez o destino. Comuniquem toda a tripulação!”
Assim como o capitão do navio observa sistematicamente a meteorologia, todos nós, Administradores, devemos estar “plugados” nos rumos da macro e micro economia. Assim feito, sempre que o cenário mudar, é responsabilidade nossa fazer novas projeções orçamentários adequando a expectativa à capacidade de realização.
Em cenários de crise, reduzir a velocidade nada mais é do que ter a consciência de que o ritmo antes empregado não mais é factível. Querer acelerar pode acarretar velas rasgadas e furos no casco o que, de uma forma ou de outra, pode implicar no naufrágio da embarcação.
Diminuir o peso, em outras palavras significa a habilidade do capitão em cortar despesas e custos, reorganizar as tarefas com inteligência, de tal sorte que nenhuma atividade importante deixe de ser executada. É a capacidade de eliminar as sobreposições e o retrabalho, sem perder qualidade.
Fortes ventos e correntezas podem significar a mudança de rota. No mundo da administração, nada mais é do que a revisão do plano tático da Companhia, ou seja, as ações de curto e médio prazo. Talvez elas não sejam mais factíveis. Planos que levam a lugar nenhum são como mapas sem coordenadas, o que, além de desânimo, pode causar estagnação e colocar o barco à deriva.
Mudar o destino, esta sim a tarefa mais difícil, consiste na habilidade e inteligência da alta Administração em rever o plano estratégico, uma vez realizadas todas as ações de curto prazo sem o efeito esperado. Em tempos de crise, jornadas longas e audaciosas podem enfrentar obstáculos não imaginados, dentre eles a falta do famoso combustível conhecido como ‘caixa’. Essa sim, cruel e mortal.
Por fim, talvez a ação mais importante: comunicar toda a tripulação. De nada adianta um plano maravilhoso engavetado na mesa do capitão. Não compartilhar a estratégia e decisões com o mais valioso dos ativos, o capital humano, é mesma coisa que fazer navegar um grande barco sem tripulação, ou seja, só pode afundar!
Isso sim é gestão orçamentária.